ESTUDO DE CASO
O estudo de caso
trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada
quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos
complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos fatores. Yin
(1994) afirma que esta abordagem se adapta à investigação em educação, quando o
investigador é confrontado com situações complexas, de tal forma que dificulta
a identificação das variáveis consideradas importantes, quando o investigador
procura respostas para o “como?” e o “porquê?”, quando o investigador procura
encontrar interações entre fatores relevantes próprios dessa entidade, quando o
objetivo é descrever ou analisar o fenómeno, a que se acede diretamente, de uma
forma profunda e global, e quando o investigador pretende apreender a dinâmica
do fenómeno, do programa ou do processo.
Assim, Yin (1994:13)
define “estudo de caso” com base nas características do fenómeno em estudo e
com base num conjunto de características associadas ao processo de recolha de
dados e às estratégias de análise dos mesmos.
Por outro lado, Bell
(1989) define o estudo de caso como um termo guarda-chuva para uma família de
métodos de pesquisa cuja principal preocupação é a interação entre fatores e
eventos. Fidel (1992) refere que o método de estudo de caso é um método
específico de pesquisa de campo. Estudos de campo são investigações de
fenómenos à medida que ocorrem, sem qualquer interferência significativa do investigador.
Coutinho (2003), refere
que quase tudo pode ser um “caso”: um indivíduo, um personagem, um pequeno
grupo, uma organização, uma comunidade ou mesmo uma nação. Da mesma forma,
Ponte (2006) considera que: “É uma
investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça
deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou
especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir a que há nela de
mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão
global de um certo fenómeno de interesse.” (Ponte, 2006:2)
O objetivo
é compreender
o evento em estudo e ao mesmo tempo desenvolver teorias mais genéricas a
respeito do fenómeno observado (Fidel, 1992). Para Yin (1994) o objectivo do
estudo de caso é explorar, descrever ou explicar e segundo Guba & Lincoln (1994)
o objectivo é relatar os factos como sucederam, descrever situações ou factos,
proporcionar conhecimento acerca do fenómeno estudado e comprovar ou contrastar
efeitos e relações presentes no caso. Por seu lado, Ponte (1994) afirma que o
objectivo é descrever e analisar. A estes dois Merriam (1998) acrescenta um
terceiro objectivo, avaliar.
De forma a sistematizar
estes vários objectivos, Gomez, Flores & Jimenez (1996:99), referem que o
objectivo geral de um estudo de caso é: “explorar, descrever, explicar, avaliar
e/ou transformar”.
Tipos
Stake (1995), por sua
vez distingue três tipos de estudo de caso: o estudo de caso intrínseco,
instrumental e colectivo.
- Yin (1994) propõe
quatro modalidades: plano de caso único global ou inclusivo, e plano de caso
múltiplo global ou inclusivo.
Ccaracterísticas:
- Fenómeno observado no
seu ambiente natural;
- Dados recolhidos
utilizando diversos meios (Observações diretas e indiretas entrevistas,
questionários, registos de áudio e vídeo, diários, cartas, entre outros);
- Uma ou mais entidades
(pessoa, grupo, organização) são analisadas;
- A complexidade da
unidade é estudada aprofundadamente;
- Pesquisa dirigida aos
estágios de exploração, classificação e desenvolvimento de hipóteses do
processo de construção do conhecimento;
- Não são utilizados formas experimentais de
controlo ou manipulação;
- O investigador não
precisa especificar antecipadamente o conjunto de variáveis dependentes e
independentes;
- Os resultados dependem
fortemente do poder de integração do investigador;
- Podem ser feitas
mudanças na seleção do caso ou dos métodos de recolha de dados à medida que o
investigador desenvolve novas hipóteses;
- Pesquisa envolvida com
questões "como?" e "porquê?" ao contrário de “o quê?” e
“quantos?”
Por outro lado, Coutinho
& Chaves (2002) fazem referência a cinco características básicas de um
estudo de caso, que são:
- é “um sistema
limitado”, e tem fronteiras “em termos de tempo, eventos ou processos” e que
“nem sempre são claras e precisas” (CRESWELL, 1994. In: COUTINHO & CHAVES,
2002:224);
- é um caso sobre
“algo”, que necessita ser identificado para conferir foco e direção à
investigação (COUTINHO & CHAVES, 2002:224);
- é preciso preservar o
carácter “único, específico, diferente, complexo do caso” (MERTENS, 1998. In:
COUTINHO & CHAVES, 2002:224);
- a investigação decorre
em ambiente natural;
- o investigador recorre
a fontes múltiplas de dados e a métodos de recolha diversificados: observações diretas e indiretas entrevistas, questionários, narrativas, registros de
áudio e vídeo, diários, cartas, documentos, entre outros (COUTINHO &
CHAVES, 2002:224).
Nenhum comentário:
Postar um comentário